Lobitas e Lobitos (8 aos 12 anos)

 

 
O lobitismo é o escalão etário mais baixo da AGEEP, agrupando crianças entre os 8 e os 12 anos de idade.

Estas crianças são chamadas de lobitos (rapazes) ou lobitas (raparigas), em alusão à história “O Livro da Selva”, de Rudyard Kipling, que serve de base pedagógica a este ramo.

O lobitismo proporciona às crianças um desenvolvimento em todas as áreas de crescimento: saúde e desenvolvimento físico, carácter, fé em Deus, destreza manual e sentido de entrega e partilha aos outros.

Durante este período são acompanhados sempre por um conjunto de chefes dedicados e dinâmicos que tomarão uma parte bastante importante na sua vida, que partilham das alegrias e tristezas das crianças que lhes são confiadas.

São agrupados em unidades denominadas de Alcateias (rapazes) e Clareiras (raparigas), que em conjunto com os seus chefes viverão grandes e maravilhosas aventuras no seio da nossa Associação, proporcionando um crescimento saudável, tornando-os adolescentes e jovens responsáveis, alegres e seguros de si.

Como Santo Patrono dos lobitos e lobitas temos São Francisco de Assis, devido ao seu exemplo de vida e proximidade com a Natureza, sua irmã criada por Deus.

 

Lei... Máximas... Lema... Preceito...

 

 
No Ramo Amarelo toda a sua base pedagógica é retirada a partir da nossa ferramenta de trabalho principal, o Livro da Selva, e é a partir desses textos que orientamos a progressão pessoal e social dos nossos lobitos e das nossas lobitas.
Estes princípios e linhas orientadores integram as crianças com o maravilhoso e imaginário mundo da Selva, o mundo onde o menino Mowgli cresceu, o que as faz crescer num ambiente único, juntamente com os seus irmãozinhos lobitos e as suas irmãzinhas lobitas, e também com os seus e suas Chefes, seus irmãos e irmãs mais velhos(as), e conferem-lhes um espírito criativo e capacidade de imaginação, tornando-os verdadeiros lobos, nas suas Alcateias e Clareiras.

Existem diversos princípios, cada um com um objectivo diferente, que são:

  • A Lei da Alcateia / Clareira
  • As Máximas de Baloo
  • O Lema
  • O Preceito da Selva

Sendo este o primeiro patamar no nossos crescimento escutista e guidista, estes princípios baseiam-se em frases simples, de fácil e rápida compreensão por parte das crianças.

 

A Lei da Alcateia/Clareira

O lobito escuta o Velho Lobo. O lobito não se escuta a si mesmo.
A lobita escuta o Velho Lobo. A lobita não se escuta a si mesma.

A Lei da Alcateia/Clareira começa por ensinar aos lobitos e lobitas que eles pertencem a uma família onde irão aprender imensas coisas novas, onde terão que escutar com atenção os conhecimentos e sabedoria que os seus Chefes têm, pois para poderem aprender a fazer, primeiro têm de aprender a escutar. Estabelece também a noção de vida em comunidade, em que o lobito e a lobita têm de deixar de seguir somente os seus caprichos e desejos pessoais e passar a escutar e seguir as indicações do seu Chefe, pois são sempre para o bem geral da Alcateia / Clareira.

 

As Máximas de Baloo
  1. O lobito abre os olhos e os ouvidos;
  2. O lobito diz sempre a verdade;
  3. O lobito está sempre limpo e asseado;
  4. O lobito pensa primeiro nos outros;
  5. O lobito está sempre alegre.

As Máximas de Baloo são um conjunto de 5 pequenos princípios, linhas orientadoras para o dia a dia dos lobitos e das lobitas, Através delas conseguimos explorar e trabalhar as várias dimensões humanas do crescimento da criança: o desenvolvimento físico, carácter, entrega pessoal e auto-controle. Através das Máximas, os lobitos e lobitas começam também a saber auto-avaliar-se, a conhecer os seus pontos fortes e fracos, o que lhes aumenta a sede pelo conhecimento, sendo ao mesmo tempo regras básicas da vida em sociedade que têm, não só na sua Alcateia/Clareira, mas também em casa, na escola, e em qualquer ambiente a que eles pertençam. Ao quererem pertencer verdadeiramente à sua Alcateia/Clareira, os lobitos e lobitas, aprendem então através das Máximas que a vida ordeira em sociedade só é possível se cumprirmos com certas regras que nos permitem progredir a todos na mesma direcção.

 

O Lema da Selva

Do nosso melhor.

O Lema é a força motivadora de qualquer Alcateia ou Clareira. Desde a sua entrada numa Família Feliz que as crianças são motivadas a dar sempre do seu melhor, pois só com o esforço pessoal de cada um, a unidade poderá crescer convenientemente. Muitas vezes na nossa vida, temos tendência a sermos preguiçosos e a desleixarmo-nos com as nossas obrigações, algo que vai contra a natureza alegre e cheia de vida de qualquer criança. Queremos então que os nossos lobitos e as nossas lobitas ganhem desde pequenos o gosto por dar sempre o seu melhor, para aprenderem, executarem e ensinarem, e assim terão uma progressão bastante saudável na sua vida escutista, pessoal e comunitária.

 

O Preceito da Selva

Nós somos do mesmo sangue, tu e eu.

Não existem diferenças numa Alcateia ou Clareira, é isso que o Preceito nos ensina. Somos todos iguais, com os mesmos direitos e deveres, todos temos o direito a estarmos e vivermos esta experiência fantástica que o Lobitismo proporciona às crianças. Aqui não existem tratamentos diferenciados, todos vivem de acordo com as mesmas regras, sob a lei do mesmo Chefe, o(a) Akela. Todos trabalham para o bem comum, o que é para um é para todos.
A vivência da Selva dá a oportunidade às crianças crescer numa sociedade perfeita, com regras justas e equilibradas ao seu crescimento, onde ninguém é posto à margem.

 

Como se organizam os lobitos e as lobitas?

 

 
As Alcateias (lobitos) e as Clareiras (lobitas) são compostas por uma chefia, que engloba o Chefe de Alcateia ou a Chefe de Clareira e os(as) seus(suas) Assistentes, pelos lobitos(as) e por um Conselheiro Religioso, sendo este conhecido pelos(as) lobitos(as) como “Irmão Cinzento”.

Os(As) lobitos(as) são organizados(as) por bandos. Existem 4 bandos diferentes, que são sempre organizados pela seguinte ordem: Bando Branco; Bando Cinzento; Bando Negro; Bando Castanho.
Cada bando terá no máximo 6 lobitos, tendo consequentemente, cada Alcateia ou Clareira, no máximo, 24 lobitos(as).

Em cada bando existirá um(a) Guia de Bando e um(a) Sub-Guia de Bando. No entanto, ao contrário do que ocorre nas Tribos e Companhias, na função de Chefe de Patrulha, este Guia e Sub-Guia não detêm qualquer poder sobre o bando a que pertencem. Devem servir sim, como um modelo que os(as) patas-tenras e os(as) lobitos(as) mais recentes devem seguir.

Na organização dos bandos, devemos ter sempre o cuidado de colocar os(as) lobitos(as) mais inexperientes o mais junto possível do seu guia-de-bando, e ir colocando-os(as) na formatura do bando do(a) mais inexperiente para o(a) mais experiente, ficando o(a) guia-de-bando na extremidade inicial do bando, e o(a) sub-guia na extremidade final do bando.

Outro aspecto que se tem em consideração é que os bandos nunca “vivem” sozinhos. Todos os jogos, actividades, ateliers, caminhadas, refeições, etc., são realizados com toda a Alcateia/Clareira.

 

O Livro da Selva

 

 

Todos os pensamentos, palavras e acções de um Chefe de Alcateia ou de uma Chefe de Clareira têm origem no livro de um senhor inglês, de nome Rudyard Kipling, intitulado “O Livro da Selva”, publicado pela primeira vez em 1894.

O Livro da Selva é algo que todos os Chefe de Alcateia e todas as Chefes de Clareira devem conhecer, de preferência, de trás para a frente, pois todos os ensinamentos que desejamos transmitir aos nossos irmãos lobitos e às nossas irmãs lobitas provêm dessa tão grandiosa história que nos enche o espírito de tal forma que, sempre que a lemos vemos nitidamente as acções a serem desenroladas, como que in loco.

Foi neste livro que Baden-Powell (fundador do Escutismo) se baseou para a elaboração da pedagogia lobitista: a estrutura orgânica, a estrutura pedagógica, a realização de jogos e actividades, a linguagem a utilizar, a formação e progressão, …, tudo provém do Livro da Selva.

Nele se relatam as fantásticas aventuras vividas por um rapazinho (Mowgli) que viveu junto com uma alcateia, na selva indiana. E é isso mesmo que nós queremos viver com os nossos irmãozinhos e irmãzinhas, uma tremenda aventura, cheia de risos e trapalhadas, erros e reconciliações, alegrias e emoções.

Contudo não nos devemos esquecer que o Livro da Selva não foi escrito com intenção de ser um conto infantil e que a linguagem que nele é utilizada não é adequada à compreensão por parte das crianças.

O Livro da Selva foi escrito com a intenção de, através do recurso da metáfora, mostrar aos homens os erros existentes na sociedade da altura: a mentira, o engano, a corrupção, a maldade, o rir através do sofrimento de outros, etc. No entanto, mostra também o oposto, ou seja, que é possível uma sociedade sem todos estes pontos negativos mencionados, caso o Homem se queira dar a esse trabalho. E qual não é a admiração ao verificar que após todos estes anos, esses pontos negativos continuam ainda por corrigir!

Cabe então aos Chefes de Alcateia e de Clareira o belo trabalho de saber “contar” essa história do rapazinho Mowgli aos seus lobitos e lobitas. Saber adequar as palavras empregues por Kipling de forma a que os seus irmãozinhos lobitos e lobitas consigam visualizar na sua imaginação os lugares e personagens descritos, para que também eles se sintam e queiram ser verdadeiros membros da Selva de Seeonee.